Esses dias atrás solicitei a opinião do nosso amigo Luiz Alves pai da flor Ana Clara sobre a cura do diabetes, ele me respondeu numa mensagem privada que me emocionou muito e com a sua permissão estou registrando aqui!
"Boa noite, Silvia. Tudo bem? Abri o editor de textos e fiquei com a página em branco durante 20 minutos. Iria escrever o texto que me pediu, sobre a "cura do diabetes"... De repente, me dei conta que nunca pensei sobre esse tema. Talvez não tenho tido tempo para refletir sobre o assunto. Não o tempo tempo. Convencional. Dos tic tac´s e tais... Digo, o tempo emocional. São 09 meses de convívio com a realidade pós diabetes. Tempo para viver intensamente cada instante com a minha pequena. Na verdade, sempre foi assim. A advento da doença apenas pintou de aspartame o que era açúcar. Continua tudo doce. Em mim, o desejo de promover uma sensação no outro de que "a vida vale muito à pena", apesar de... apesar da... Eu não tive tempo pra chorar, para reclamar, para lamentar, para culpar Deus ou o Diabo. Eu precisei estar pronto, sem estar. Eu precisei aprender. Eu precisei compreender. Eu precisei focar, olhar, cuidar, ensinar a ter cuidados. Eu precisei dar furinhos na pele de meu anjinho e acostumar com o escarlate de suas limitações. Eu precisei perceber o quanto ela é guerreira e estar atento as suas virtudes tantas e suas novas demandas. Estou agora buscando aprender a deixar que ela se cuide. São tantos aprendizados, não é mesmo? A vida é assim. Mas, quanto a cura? De fato, não penso nela. Não por desesperança... Não por comodismo... Não por aceitação... Certamente há cientistas pensando nisso... Certamente há uma indústria que fatura alto com o diabetes e não tem interesse nisso... Assim também é com outras enfermidades. Na história da humanidade as coisas são cíclicas: enfermidades, interesses nobres, mesquinhos, curas. Amiga, Silvia, perdão, eu não penso "na cura", portanto não me sinto apto a escrever sobre ela. Poderia até, como base nas informações e no relativo conhecimento sobre o assunto, ousar a escrita. Seria "falso". Meu texto é minha "verdade", mesmo quando disfarçada. Escrevo para suportar melhor a vida. É que sou Poeta. Um pai-poeta que tem a missão de fazer a vida ficar mais bela... para compensar o amargor da coisas que (ainda) não podem ser mudadas... Desculpa, amiga Silvia, eu não tenho tempo para pensar na cura... Preciso plantar flores de algodão doce (diet) no jardim de Ana Clara..."
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Que Belo!
ResponderExcluirNão consegui conter as lagrimas.
Parabéns a este grande PAI!
Obrigado, Mafalda, pelo sua leitura. Um abraço.
ExcluirÉ muito comum vermos depoimentos de mães com toda essa carga de emoção, nao pq os pais nao participem ou nao sejam sensíveis, mas pq normalmente, nós mulheres, mães ,costumamos tomar a frente de tudo para proteger nossa prole.Luiz, você é um pai que todo mundo queria ter, e pq nao ser!um beijo carinhoso a vc e Ana Clara,meu e da Marilia
ResponderExcluirKellen, agradecemos a sua leitura, pelas palavras. Muitas alegrias para você e a Marília. Sigamos juntos. Abraços
ExcluirOlá Luiz
ResponderExcluirSou diabético a mais ou menos seis anos. Não posso dizer que entendo o que você sente, porque como pai, eu prefiro ter o diabetes do que um dos meus filhos. Mas, assim como você, no meu caso também nunca pensei na cura. O que tenho pensado, é me cuidar e manter a doença muito bem controlada para evitar futuras complicações. Tenho seguido em frente fazendo o necessário sem lamento ou desculpas. Alimentação controlada, exercícios físicos e o acompanhamento médico.
Gostei muito do seu depoimento e parabens pelo cuidado com Ana Clara.
Parabéns
Paulo Alves
Caro Paulo,
ResponderExcluirObrigado pelo comentário. Eu entendo o que você diz, o que você sente. Esse sentimento paterno que diz "prefiro ter o diabetes do que um dos meus filhos" é o mesmo que me move a ter a atenção constante. Tem sido um grande desafio para mim, pois, devido a questões de trabalho, só estou com minha pequena aos finais de semana. Durante a semana estamos conectados por telefone, face, essas coisas. No início estivemos juntos o tempo todo. Fomos ao congresso da ADJ juntos, em SAMPA, foi muito importante esse momento. E assim seguimos a vida com muita alegria e buscando o melhor controle possível. Desejo que essa sua forças e assertividade na condução de sua vida permaneça sempre contigo. O advento do diabetes provocam nas pessoas um melhor hábito de vida. Controle alimentar, exercícios físicos, acompanhamento médico, o que na verdade todos deveríamos fazer. Assim, você acabam sendo grandes exemplos. Mais uma vez grato pelo comentário e um grande abraço para você. Participe desse blog, que é da Silvia Onofre, um doce de pessoa, uma guerreira, como tantos que encontrei e que formam uma grande família. Valeu.