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quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Pra todas MÃes - DMs e Não DMs


"Nesse Novembro Azul, falo como mãe de diabético em relação ao que se vê frequentemente nos grupos de discussão.

- Acho a expressão “mãe pâncreas” horrível. Cria a ilusão de que sem a mãe o filho não sobrevive, o que é, na minha opinião, uma crueldade com o filho e só serve para inflar o ego das mamães.

- Detesto também chamar diabéticos de “docinho”. Um “mimo” desnecessário, que reforça o estereótipo do coitadinho e diferentinho. Pois afinal, o trabalho todo não é para diminuir o açucaramento dos “docinhos”? 

- Sim, os diabéticos furam o dedo o dia inteiro, têm que controlar o que comem, aplicar insulina, tem hipos, hipers, etc.desde crianças ou bebês. Essa é a realidade. Mas para que ficar elucubrando como a vida seria maravilhosa sem isso? Sem o diabetes a felicidade plena e a saúde plena está garantida a todos? Quem não tem diabetes não tem problema algum na vida? Só diabetes é a causa do sofrimento no mundo? Drama não melhora nada. 

- Há uma tendência geral em superproteger os pimpolhos e diabetes é um prato cheio para enchê-los de vigilância e cuidados muito acima do que é necessário. Alguns pais acham que o filho tem que ter alguma espécie de compensação porque ficou diabético. Por exemplo: se vai na festa do amiguinho, ganha presentinho porque é diabético. Levar “marmita diet” na festa do amiguinho porque é diabético. A contagem de carboidratos existe para tornar a vida do diabético tranquila em relação à alimentação. A marmita só fará com que ele se sinta “o diferentão” que não pode comer, o que não é verdade.

- Outras manifestações frequentes de “super” mães: Não dormem enquanto os pimpolhos (de 12, 14, 16 anos !!!!) dormem fora de casa ou afirmam orgulhosas que os filhos nunca dormiram fora de casa por serem diabéticos. Algumas ainda aplicam insulina no adolescente grandão porque, no fundo, acham que só elas fazem adequadamente. 

Diabetes é do filho e não da mãe. Autonomia e dignidade, por favor! Depois de uma certa idade eles têm condições de se cuidar e nossa obrigação é orientá-los nesse sentido, não assumir o diabetes como se fosse nosso (dos pais) e assim criar uma dependência forçada. E se eles estão tendo muitas hipers ou hipos incontroláveis, converse com o médico e mude o tratamento, porque não tem que ser assim. Se você quer ser útil realmente, se informe sobre quais os melhores tratamentos para o seu filho e ajude-o a ter autonomia. Estar presente, dar amor e suporte não tem nada a ver com fazer tudo no lugar do filho ou ficar no pé dele puxando o freio de mão do seu desenvolvimento. E isso vale para diabéticos e não diabéticos, porque o que as mães no geral têm feito com os filhos no sentido de superprotegê-los é assustador.

Pronto, falei. 
Bom novembro azul!"

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