Por Yara Resende Rocha, mãe da Laura 8 anos / França
O Free Style Libre (vou usar FSL no meu texto, pra facilitar), surgiu « do nada » aqui na Europa em outubro de 2014. Digo do nada porque foi um lançamento meio surpresa, descobrimos na imprensa leiga, até os médicos foram surpreendidos.
Parecia um sonho e virou mesmo um sonho porque rapidamente eles esgotaram os estoques com a enorme demanda. Bastava pagar e comprar. Não tive nem o tempo de pensar se comprava e já não tinha mais. O ano de 2015 foi quase todo em fila de espera.
Quando a Abbott percebeu o sucesso (interpretação minha), eles se organizaram e desde o começo de 2016 já está disponível aqui sob encomenda.
Falemos primeiro de PREÇO: 60 euros cada « elemento ». São 2: o leitor, que escaneia a glicemia (a gente compra só ma vez – se não perder, porque já vi casos de perda), e o sensor que instalamos no braço e dura 14 dias. Ou seja, 60 euros pra ter o leitor e 60 euros de sensor pra cada 14 dias.
Se entendi corretamente, já esta chegando aí no Brasil (em maio ?).
Aqui ainda não é reembolsado pelo Governo. Espero que isso mude logo. Recentemente foi aprovado também para crianças, mas conheço muita gente que comprou pros filhos desde 2014. Eu preferi esperar a autorização da médica da Laura (ainda que eu não visse qual era a possibilidade de risco).
Parece que o custo vale à pena se compararmos ao preço das fitas de glicosímetro.
Primeiro: NÃO FURA OS DEDOS!!! Todo mundo já sabe, mas é maravilhoso isso!!! Maravilhoso, rápido, discreto. E melhor ainda: como a gente pode escanear quantas vezes quiser, fazemos um monte!
E o controle das glicemias fica mais fino porque podemos seguir a evolução das glicemias em várias situações: quando come isso, quando come aquilo, quando a fazemos o bolus antes, quando fazemos muito antes, quando a gente acorda sem querer durante a noite… é só passar o leitor e conhecemos detalhadamente o perfil das glicemias. O leitor da várias informações, então eu sei que nossa média de scans por dia é de 18!!!!
FIÁVEL? É a grande questão, não é, porque do que adianta se não for fiável? Segunda a Abbott a fiabilidade do FSL é de 96%.
Pra discutir isso, lembremos que o sensor é um « fiozinho » (muito fininho) que fica no subcutâneo, e não no sangue, que é aonde medimos a glicemia. Isso implica em uma diferença potencial. Nas primeiras horas de funcionamento do sensor, temos que considerar que ele precisa de um tempinho pra ficar bem impregnado do meio intersticial; ou seja, demora um pouco (algumas horas) pra que o equilíbrio reflita fielmente o que está se passando no sangue.
Outra coisa óbvia é que, nos extremos de glicemia (hiper e hipo), é provável que a diferença seja maior, pelo tempo que precisa para que essa modificação (aumento ou diminuição) se reflita no interstício (no subcutâneo, aonde está o sensor). E é claro que quanto mais rápida a mudança, mais provável de ter uma diferença entre a leitura do glicosímetro e a do FSL. MAS, pessoalmente não vejo isso como um problema, porque quando é hipo é hipo, e quando é hiper, é hiper – isso ai não tem dúvida, ele não se engana!
Ou seja, se for hipo, temos que tratar da mesma maneira, se for hiper, é melhor saber o valor exato pra fazermos a correção mais precisa. Nesses casos poemos fazer então uma glicemia capilar também, pra confirmar o valor exato. Mas a recomendação que tive aqui foi: FIM DE GLICEMIA CAPILAR! Minhas fitinhas estão durando meses e meses, faço muito pouco. Quando faço é mais por curiosidade mesmo. Já achei algumas diferenças « importantes », mas nunca achei hipo nem hiper de mentira. Claro que muda se uma hipo é de 40 ou 66; uma hiper de 325 ou de 275. Mas o FSL não vai mostrar uma hipo que não existe (só se vc considerar hipo abaixo de 70, o FSL mostrar 72 e o glicosímetro mostrar 69… mas sem exagerar não é !!?). Mas a grande maioria dos resultados é realmente muito próxima ou igual à do glicosímetro.
AS CRIANÇAS AMAM! Todas, sem exceção! O que é logico! Os adultos também! Adultos pais ou adultos que têm diabetes!
NÃO DOÍ quase nada e é FÁCIL de INSTALAR. O fio é bem fininho e o sistema de aplicação é EXTREMAMENTE simples! Eles foram muito espertos porque essa simplicidade é realmente uma vantagem importante. E só colocar o sensor no aplicador e aplicar. Nenhuma manipulação. Qualquer pessoa pode fazer.
DESCOLA? Com a gente nunca descolou. A Laura já passou uma semana no Marrocos na piscina todo dia, sem problemas. Se vejo que ele tá ameaçando descolar, coloco um adesivo por cima (tipo Hydrofilm, Mepitel etc). Claro que temos que limpar e desengordurar bem a pele antes de aplicar.
O sensor é realmente PEQUENO E FINO. Como uma moeda de 1 real. Mais gordinho, sim. Mas ainda assim é bem discreto. O local indicado (e testado) de instalação é no braço. Já ouvi falar que tem gente que instala na coxa, mas não assino embaixo ! Já ouvi também historias de alergia. Poucas vezes mas ouvi.
Como outros sensores, o leitor mostra uma seta que indica se a glicemia esta estável, subindo rápido, menos rápido, ou descendo (rapidamente ou menos rapidamente).
Tem também varias funções: média das glicemias, curvas de tendência (por período do dia), gráficos de tendência das glicemias (nas metas ou não), todas as glicemias medidas e média de quantas medições fazemos por dia – e isso nos últimos 7, 14, 30 e 90 dias.
Tem também a opção de entrar dados como sensibilidade a insulina, etc, pra poder calcular doses, quando a pessoa não usa bomba.
Importante: uma vez que instalamos o sensor, podemos fazer somente 2 scans por dia, por exemplo, o sensor acumula as medidas e passa as informações ao leitor quando escaneamos, o que permite então que ele faça os gráficos e médias. Quero dizer que esses dados são independentes do número de scans que fazemos por dia.
Olha, não tenho NENHUM interesse pessoal no sucesso do FSL mas sou fã incondicional. Além de poupar os dedinhos da minha Laurinha, a principal vantagem que vejo é que a fiabilidade dos dados e facilidade de utilização permitem um controle muito mais fino das glicemias, o que significa melhores resultados e mais saúde pra nossos filhos!
Sem esquecer que podemos medir mesmo sobre as roupas – até com os casacões de inverno aqui!
Uma coisa bacana também é que cada vez que temos um problema com o sensor, eles nos enviam rapidamente um outro pra repor, sem custos (exceto se for por mau uso, claro).
DESVANTAGENS ?
- Preço… tem que poder pagar…
- Por mais que seja discreto, pra Brasil aonde vocês usam roupas muito mais leves, fica a tal « moeda » aparente… mesmo sob as roupas, da pra ver a rodinha…
- O leitor é pequeno, perde facilmente! cuidado!!!
- Outra desvantagem? Não consigo achar!
Pequena informação: de novo: não tenho nenhum interesse no sucesso da Abbott com o FSL. O acesso pra compra é livre, é só se cadastrar. Aqui temos o direito de comprar acho que 4 ou 6 sensores por mês por conta, mas podemos criar quantas contas quisermos. Aconselho esperarem que chegue ao Brasil porque o envio a partir daqui é caro e longo (quanto mais barato escolhermos o modo de envio, mais risco de perda). Infelizmente não posso me comprometer a enviar pra quem quiser, no Brasil. Fico muito feliz que já esteja chegando por ai, para quem quiser (e puder!) aproveitar. Olhem no site da Abbott, tem um link dedicado ao Free Style Libre.
No Brasil pode ser feito o cadastro de interesse em compra clicando
aqui.
Agradecimento:
Yara querida! Obrigada pela disposição em relatar a experiência de vcs com o FSL, como sempre pronta em colaborar com a gente, tenho certeza será útil para as pessoas que nos acompanham.
Gratidão <3